A partir deste domingo, os municípios que integram o Geoparque Quarta Colônia recebem o geógrafo e historiador Ángel Hernandéz e a geóloga Helga Chulepin, que fazem parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para a avaliação final que pode garantir o selo de reconhecimento internacional do território.
Nove municípios da Região Central trabalham juntos para que as potencialidades históricas e culturais sejam internacionalizadas, são eles: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine e Silveira Martins.
De acordo com o prefeito de Faxinal do Soturno e presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), Clóvis Montagner, os municípios estão preparados para a última fase do processo de recebimento do Selo Geoparque:
– Há muitos anos se trabalha em projetos de desenvolvimento da região. De uns anos para cá, nos voltamos para a paleontologia. Esse ano, com a descoberta do mamífero mais antigo do mundo, tivemos novamente matérias mostrando as nossas potencialidades. Essa é uma grande contribuição da Quarta Colônia para a ciência, cultura, patrimônio histórico. Em nossas paisagens, nossos rios e nossas matas temos, comprovadamente, os fósseis de dinossauros mais antigos do mundo. Tudo isso potencializa essa região para a titulação de geoparque. É um momento muito especial na Quarta Colônia e tenho certeza que o pessoal de Caçapava também.
Segundo a geógrafa e diretora do projeto Geoparque Quarta Colônia, Jaciele Sell, o Condesus trabalha na iniciativa há 14 anos e, em 2019, a UFSM se juntou ao consórcio. Desde então, foram realizados cerca de 90 projetos de extensão para moradores da Quarta Colônia com o objetivo de incentivar o sentimento de pertencimento e a geração de renda.
– É um grande projeto. Hoje, temos a parceria de mais de 100 empreendimentos da região. E, após a certificação, além do incentivo ao turismo, se tem uma grande expectativa em relação a melhoria da qualidade de vida da população. Além disso, a experiência de outros geoparques nos mostra que a certificação pela Unesco também amplia a conservação do patrimônio ambiental, paleontológico, cultural e histórico – comemora Jaciele.
Em todo o Brasil, três geoparques são certificados pela Unesco. Dois ficam no nordeste, em Araripe e Seridó, e outro entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Agora, a Região Central tem a chance de fazer parte da rede mundial de geoparques a partir dos projetos da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul.
Mais visitas vem por aí
Em novembro, é a vez do Geoparque Caçapava passar pela última fase do projeto. Para o secretário de Cultura e Turismo da cidade, Stener Camargo, o momento é esperado há dez anos.
– O município, a UFSM e a Unipampa têm trabalhado muito para que, tanto a Quarta Colônia quanto Caçapava, recebam o tão esperado certificado de geoparque reconhecido pela Unesco. Aqui, temos uma riqueza muito grande no que se refere à geologia. Então, agora, toda a rede que envolve gastronomia, hotelaria e, principalmente o artesanato, trabalha em conjunto para que possamos incentivar o turismo e sermos cada vez mais reconhecidos.
O que é um Geoparque Unesco?
Geoparque é um território reconhecido pela Unesco em que a “memória da Terra” é preservada e utilizada de forma sustentável para incentivar melhorias à comunidade. O desenvolvimento pode se dar de diversas formas, desde que conserve e valorize o patrimônio geológico-geomorfológico, como rochas, minerais, água, solos, relevos, paisagens e fósseis, em associação à cultura da região. Atualmente, são 177 geoparques mundiais da Unesco em 46 países. No Brasil, são três geoparques com certificação. O título facilita o acesso a recursos internacionais para investimento no território.
Programação da visita
Dia 1 – Serão percorridos 92 quilômetros entre Silveira Martins, Ivorá (centro histórico, Cascata Cara de Índio, Restaurante I Fratelli Moro e Monte Grappa), Dona Francisca (Comunidade Quilombola Acácio Flores) e Faxinal do Soturno (Ermida São Pio, Cerro Comprido, Pienezza Café e Comunidade de Novo Treviso);
Dia 2 – Serão percorridos 155 quilômetros entre Faxinal do Soturno (Geossítio da Linha São Luiz), São João do Polêsine (Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM, Vale Vêneto e Restaurante da Romilda), Restinga Sêca (Recanto Maestro, Termas Romanas e Estação Férrea) e Agudo (Mirante do Cerro da Figueira, Casa da Charlote e praça dos dinossauros);
Dia 3 – Serão percorridos 203 quilômetros entre Pinhal Grande (visita embarcada ao geossítio localizado dentro da área de alague da barragem de Itaúba e almoço em Centro de Tradições Gaúchas), Nova Palma (Mirante da barragem de Dona Francisca, Balneário Municipal Atílio Aléssio, Centro Cultural, Museu e Centro de Pesquisas Genealógicas), São João do Polêsine (Escritório do Geoparque e Casa Museu I João Luiz Pozzobon) e último pernoite em Restinga Sêca.